sábado, 30 de maio de 2009

Pouco leite, muita água

Acabo de ler o novo livro de Chico Buarque, Leite Derramado. Confesso que não li os anteriores Estorvo, Benjamin, e o mais famoso de todos, Budapeste. A minha curiosidade em ler Chico nasceu, em suma, da sua genialidade como compositor. Será que além de excelente letrista ele também agrada e convence como escritor?, eu me perguntava.

Não tenho bagagem literária para julgar o romance de Chico Buarque, mas nada me impede de ter minha própria opinião, correto? Leite Derramado é um livro bom, que se devora, ou melhor, que se bebe, em apenas um dia. Contudo, é um livro aguado que, ao contrário de leitte, não nutri.

Conversei com uma amiga, uma daquelas que se derretem pelos olhos azuis de Chico. Obviamente, ela já leu toda a obra literária do autor e me contou, com brilhos nos olhos castanhos, que sentiu em Leitte Derramado uma evolução na sua escrita e que, em várias partes do livro, identificou expressões que só Chico escreveria. (!)

Pensei, pensei e quase trocava Leitte Derramado por outro livro. Mas darei outra chance para Chico. Vou ler Budapeste que, segundo os críticos, é mais instigante e coeso. Aí eu digo o que achei.
Até o próximo post!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Escrever é urgente

Depois da provocação de um amigo poeta, voltei a escrever. Tenho experimentado nos últimos dias uma sensação boa de reencontro. Reencontro comigo mesmo, com os meus livros esquecidos na estante, com os recortes de artigos, matérias e crônicas que coleciono desde a adolescência.

Nesse processo, nessa busca, encontrei também alguns dos meus textos, rascunhos que traduzem uma época de minha vida, quando a única saída era escrever. Dos meus excessos de auto censura sobrou pouca coisa.

Nunca tive muito apego ao que escrevo. Por isso, joguei muita coisa fora. Não escrevo para a posteridade ou para apreciação pública. O mais importante, para mim, é a escrita como ferramenta para autoconhecimento, para detectar meus limites e higienizar minha mente.

Vejo um papel em branco, seja ele virtual ou não, e ouço: “Escreva, é urgente!”

Valores da cobertura econômica

O julgamento imediato de quem pega um livro sobre jornalismo econômico é de, no mínimo, mais um livro chato e indecifrável. Mas no caso de Elementos de Jornalismo Econômico, de Sidnei Basile, vale a pena lutar contra a resistência inicial a livros deste tipo.

Em um texto fácil de ser lido, que mais parece uma conversa com o leitor, Basile consegue através de um discurso claro e simples o que os jornais e revistas do Brasil até hoje parecem não ter conseguido: Informar ao leitor comum sobre economia e negócios. O livro gira em torno do direito do cidadão à informação, que segundo Basile, “às vezes a própria sociedade não tem plena consciência do papel do jornalismo para sua sobrevivência”.

O grande mérito do livro é, em suma, explicar o jornalismo econômico ao leitor do ponto de vista do jornalismo e não do ponto de vista da economia. Sendo assim, Sidnei Basile discorre sobre os fundamentos gerais do jornalismo, suas técnicas e sobre a rotina profissional. De forma didática, ao final de cada capítulo, resume os principais pontos e desafia o leitor a pensar e responder questões elaboradas por ele. A obra, impressa pela Negócio Editora, é dividida em três partes: Os valores, As técnicas e O futuro.

Apesar de ser bastante didático, Elementos de Jornalismo Econômico não é um manual para iniciantes na profissão. Ao tratar temas como democracia, integridade, ética, cidadania, entre outros, o livro se faz útil para qualquer cidadão, e não apenas para jornalistas e economistas. Em capítulos práticos como “Por que ler notícias econômicas e de negócios?”, o autor, logo no início do livro, dá a dimensão da importância do jornalismo econômico para a sociedade.

Como não poderia ser diferente, o livro também resgata um pouco da história do jornalismo econômico no Brasil e no mundo, até o surgimento das publicações especializadas no país como os jornais Gazeta Mercantil e Valor Econômico.

Através de um texto claro e culto Elementos de Jornalismo Econômico se distancia do famigerado “economês” que ainda persiste em boa parte da imprensa especializada em economia. Em tempos de globalização, Basile expõe no livro sua concepção sobre as transformações da mídia globalizada e a informação como negócio.

Por essas e outras razões, o livro escrito por Basile se torna urgente e necessário. Leitura fundamental, principalmente, para os futuros jornalistas.

O exercício do fracasso

Escrever é sempre um fracasso. Não adianta. Nunca um texto sai como queremos. O ponto final, muitas vezes, é um sinal de desistência, e não de conclusão de um pensamento. Na verdade, escrevemos sempre o que é possível naquele momento, e a sensação de ter sido traído pelas próprias reflexões na hora de escrever é freqüente.

As idéias surgem e precisam ser postas para fora rápido, senão, elas te abandonam. O tempo no exercício da escrita é fundamental. Às vezes perdemos bons textos por falta de tempo de escrevê-los ou simplismente por preguiça de sobra.

Noites perdidas com pensamentos que martelam nossas mentes, é exemplo disso. As boas idéias vêm sempre na hora errada, é incrível!

Escrever é sempre um fracasso.

Droga!

Não era nada disso que eu queria escrever...

strep-tease

Escrever é como fazer um strep-tease. Um ato muito íntimo, revelador, assim como tirar a roupa na frente de alguém. Cada palavra escrita é como uma peça de roupa jogada ao chão. Sob o olhar de quem nos vê e de quem nos lê, uma descoberta, uma surpresa, um julgamento.

Mas, na verdade, a escrita expõe muito mais que a nudez do corpo. Ao escrever expomos o que temos de mais íntimo: as nossas idéias e os nossos valores. Nos despir da convenção, do senso comum, dizer o que realmente pensamos, sem medo, sem vergonha, sem auto censura.

É como uma foto que capta o nosso interior. O que escrevemos nos retrata, diz quem somos. E é através deste espaço que pretendo dizer o que sou e o que penso. Este blog não será um diário. Aqui vou escrever o que der na telha, falar sobre o universo que me rodeia, exercitar a escrita e o meu poder de crítica e de análise.

Começa hoje o meu “strep-tease”.